Um relatório da Escola Nacional de Saúde Pública revela que o projeto “Saúde Mental 360º Algarve” gerou melhorias significativas na qualidade de vida e bem-estar mental da população idosa vulnerável. A iniciativa, que decorreu durante um ano e meio, será agora alargada a novos concelhos.
O projeto “Saúde Mental 360º Algarve” demonstrou ter um impacto positivo na saúde mental da população sénior vulnerável da região, segundo as conclusões do relatório de avaliação de impacto realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa. O documento será apresentado esta sexta-feira, 11 de Abril, no auditório da Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve, em Faro.
Entre Setembro de 2023 e Março de 2024, foram realizadas mais de 800 actividades e concretizados mais de 730 atendimentos psicossociais, traduzindo o alcance e eficácia de uma abordagem centrada no cidadão e assente em parcerias locais.
Através de um modelo de intervenção baseado na prescrição social, cada participante era acolhido e sujeito a uma avaliação diagnóstica de necessidades, com a posterior definição de um plano de acção personalizado. No final, foi realizada uma avaliação do impacto da intervenção na qualidade de vida e no bem-estar mental dos participantes.
A equipa multidisciplinar envolvida — composta por psicólogos, nutricionistas, técnicas de actividade física e yoga, entre outros parceiros — dinamizou diversas actividades: consultas de saúde mental com referenciação quando necessário, atendimentos psicossociais, sessões de autocuidado e desenvolvimento socioemocional, estimulação cognitiva, sensibilização sobre saúde mental, workshops de nutrição e sessões de actividade física adaptada e yoga.
De acordo com o relatório, os resultados foram animadores. Os participantes registaram um aumento médio de 9,6% no seu nível de bem-estar mental e um acréscimo mediano de 6,9% na perceção de qualidade de vida no domínio físico.
Estes dados foram confirmados através de entrevistas individuais e grupos focais com os participantes e parceiros, onde se destacou a socialização, a melhoria do bem-estar emocional e físico, e a gratuitidade como principais razões para a adesão ao projeto. O alívio das dores físicas, o reforço da autorregulação emocional e a quebra do isolamento social foram referidos como os maiores benefícios sentidos.
Para Ricardo Valente, gestor do projeto, os resultados “demonstram a importância de investir na promoção da saúde mental na população idosa, sobretudo a mais vulnerável”, defendendo o alargamento desta abordagem inovadora a outras zonas do país, marcadas pelo envelhecimento e isolamento.
Ana Gama, investigadora da Escola Nacional de Saúde Pública, destaca a relevância do modelo: “os dados mostram o impacto positivo que projetos de prescrição social podem ter na vida das pessoas mais vulneráveis. É essencial garantir que ninguém fica para trás”.
A iniciativa, promovida pela Fundação Belmiro de Azevedo, foi amplamente reconhecida pelas autarquias algarvias envolvidas. Carlos Baía, vereador da Câmara de Faro, realça o papel do projeto no combate ao isolamento sénior, enquanto Ana Machado, vereadora de Loulé, destaca a “proximidade e dignidade” que o projeto levou às pessoas idosas. Por sua vez, Elsa Pereira, vereadora de Olhão, sublinha o contributo da iniciativa para “um envelhecimento mais activo e com melhor saúde mental”.
Dada a relevância e eficácia do “Saúde Mental 360º Algarve”, o projeto entrará agora numa nova fase, com mais 18 meses de duração e expansão aos concelhos de Tavira e Vila do Bispo, reforçando o seu impacto na comunidade idosa algarvia.